segunda-feira, 24 de junho de 2013

Covilhã - Inquéritos à Indústria dos Lanifícios XIX-XVII


Inquérito Social XVII

     Continuamos a publicar um inquérito social “Aspectos Sociais da População Fabril da Indústria dos Panos e Subsídios para uma Monografia da mesma Indústria” da autoria de Luiz Fernando Carvalho Dias, realizado em 1937-38.

Comparação dos Salários dos Lanifícios com os salários de outras Indústrias e Mesteres (continuação)

Lista de alguns salários fora da indústria de lanifícios
na área do Grémio do Sul


     Basta lançar a vista pelos salários das diversas profissões para se verificar quanto seria útil a fixação de uma lei geral de salários mínimos, como existiu no “Ancien Regime”, pelas providências sociais adoptadas por muitos dos nossos monarcas.
    Concluímos dos salários apresentados o seguinte: 1º Salários baixos nos serviços domésticos; 2º salários na agricultura distanciados 2$50 e 3$00 da indústria; 3º salários superiores aos dos lanifícios nas profissões dos mesteres, pedreiros, carpinteiros e serralheiros.
     Os salários da agricultura reflectem a pobreza desta; a família no campo é mais prolífera que na cidade; a inconstância do trabalho rural, sujeito às intempéries, põe os agricultores na contingência de venderem mais barato o seu trabalho. Os salários dos mesteres são mais elevados do que os da indústria porque esta categoria de trabalho está organizada sobre a forma artesanal, predominando, portanto, a habilidade de cada um. Na serventia, a indústria paga melhor do que os mesteres, se não atendermos à tendência que na mesma indústria se começa a manifestar de se despedirem os operários porque atingiram uma idade em que os salários aumentam de 5$50 para 9$00.
     Diminutos são também os salários das mulheres que trabalham na costura e das que vivem dos serviços de padaria, e das que trabalham no campo. Os empregados de comércio têm salários idênticos aos ganhos na indústria pelos vulgares empregados de escritório, inferiores aos dos empregados fabris e dos mesteres. Mesmo dentro da indústria se verifica este abuso: empregados de escritório ganhando um salário inferior ao mínimo estabelecido para os operários não especializados.
      Na indústria como na agricultura nota-se que o salário diminui à medida que nos afastamos dos grandes centros.

     De tudo o que acabámos de dizer, se conclui que a indústria de lanifícios, ao estabelecer um salário mínimo, se manteve num termo médio: nem elevou os seus salários muito acima da agricultura, que repetimos, são insignificantes em certas regiões, nem os deixou muito abaixo dos outros salários das indústrias e dos mesteres, que nem por serem mais altos, representam nesses sectores do trabalho nacional sensivel melhoria de vida.

Nota dos editores - Como inserimos as tabelas segundo o sistema de imagem, aconselhamos os nossos leitores a clicarem com o rato sobre elas, para que o visionamento seja mais perfeito.

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